
Analisando o panorama mundial das energias renováveis, comecei a perceber o quanto, ao longo dos últimos 30 anos, o setor vem evoluindo e o quanto vem sendo investido.
Meu primeiro contato com a realidade das energias renováveis aconteceu ano passado no III Congresso Brasileiro de Energia Solar que aconteceu em Belém, Pará.
Além de ter conhecido diversas pessoas quem vêm pesquisando na área de energia solar, eólica e de biocombustíveis, ainda pude aprender bastante sobre novas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas, no país e no resto do mundo.
Outro ponto que me chamou a atenção no congresso, foi a presença de representantes do Ministério de Minas e Energia que falaram bastante sobre a atual postura brasileira e o que o governo vem estudando e como vem trabalhando para que as outras formas renováveis de geração de energia elétrica, além da hidroelétrica que representa a maior porcentagem matriz energética brasileira, sejam incentivadas em todo o território nacional. E, foram mostradas perspectivas positivas e que já vêm apresentando resultados.
A prova de que o setor vem se destacando no Brasil, foi o último leilão de energia A-3 realizado em agosto de 2011 que vendeu 1.068 MW de energia eólica e a recente inauguração da 1ª Usina Solar Fotovoltaica do país.
Mas o destaque das energias renováveis não é só no Brasil, pois apesar de apresentar um potencial gigantesco e invejável, nosso país ainda está muito atrelado a sua principal matriz energética.
No mundo inteiro, empresas, governos e sociedade têm percebido o quanto as fontes "limpas" podem trazer de benefícios. Não só em preservação do meio ambiente, mas em lucros e desenvolvimento tecnológico.
Na Alemanha, o incentivo às energias renováveis é tão grande que só para ter uma idéia, existem cidades onde as casas são obrigadas a possuir telhados cobertos por painéis solares. Na Dinamarca, 1 a cada 3 empregos está ligado a energia eólica. A China possuem 42,3 GW de potência eólica instalada. Os Estados Unidos investem bilhões de dólares por ano em energias renováveis. Os Emirados Árabes investem pesado na utilização de energias renováveis em suas obras arquitetônicas. A Índia é um dos maiores produtores de biocombustíveis do mundo. E, assim vai acontecendo no mundo inteiro um boom de energias renováveis, que gera empregos, tecnologia, lucros e o principal, sustentabilidade.
Isso não só impressiona como cria um otimismo pra quem já atua no setor e para quem deseja atuar. Todavia, ainda existem alguns entraves que acabam criando pontos que a meu ver, são contornáveis, mas que para algumas pessoas podem gerar problemas.
Trata-se do caráter intermitente das energias renováveis, como a solar e a eólica, do desenvolvimento tecnológico, que para algumas pessoas, ainda não atingiu um ponto suficientemente bom para se firmar como principais matrizes energéticas do mundo; e das questões politicas envolvidas.
Quando eu falo que são problemas contornáveis, não estou sendo condescendente. Uma das alternativas já utilizadas para "driblar" as condições que diminuiriam a produção de energia elétrica, é utilizar sistemas híbridos, ou seja, aqueles que trabalham com mais de uma fonte de geração, como é o caso de alguns que utilizam painéis fotovoltaicos, aerogeradores e bancos de baterias.
Quanto ao desenvolvimento tecnológico, isso cada vez mais tem sido mostrado em todos os cantos do planeta que os esforços para haja tecnologia hábil a atender às expectativas do mercado que vêm crescendo. A quantidade de universidades e de empresas que trabalham em busca de novas tecnologias e de melhorar as que já existem é enorme, o que mostra que o mundo realmente não está enxergando simplesmente uma pequena forma de poluir menos e gerar pequenos lucros com energias renováveis, e sim investindo muito em um setor que tem crescido.
Já em relação às políticas envolvidas, tem-se que analisar cada caso cuidadosamente. Cada Estado possui uma legislação diferente e todo país já tem sua principal matriz energética definida e instalada. Apesar das inúmeras vantagens que as energias renováveis trazem, é preciso a análise de uma série de pontos que partem desde viabilidade econômica à distribuição da energia.
A exemplo do Brasil, que apesar de apresentar um potencial de utilização das fontes alternativas de energia, ainda está muito atrelado à energia hidráulica. Alguns países apostam em geração particular, ou seja, uma casa gerando a própria ou parte da energia consumida. Mas este tipo de geração requer, por exemplo, saber como será tarifada a energia que possa ser jogada na rede e como o produtor será compensado por isso.
É certo que nosso país possui uma burocracia que frente ao que já se vê na Alemanha, por exemplo, este processo de regulamentação para que a população possa gerar sua própria energia e possa distribuir o excedente na rede, vai levar um tempo maior do que aconteceria em países cujos processos não envolvem tanta política e visam mais o desenvolvimento enriquecimento da população.
O Brasil tem mudado muito nos últimos 15 anos e o povo brasileiro não tem aceitado mais com tanto silêncio estarmos sempre aguentando piadas como: "O Brasil é o país do futuro, e sempre será!". E, tanto a cobrança por melhores soluções como o reconhecimento de que temos potencial para crescer utilizando fontes alternativas de geração de energia elétrica e ainda a pressão do mercado que vê no setor uma oportunidade de criar empregos e gerar bons lucros, o governo brasileiro vem se mostrando mais atento. A prova disso é a recente declaração da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que se referia ao interesse do governo em incentivar o sistema de Net Metering no país.
Assim, juntando tudo o que tenho visto de inovação tecnológica, de incentivo financeiro, de investimentos altos em implantação de fontes renováveis de geração de energia e o quanto o setor tende a crescer e a trazer empregos e desenvolvimento sustentável ao mundo inteiro, percebi que fazer uma engenharia, que por si só já amplia o leque de atuação do profissional, e ainda uma que vai me habilitar para atuar num setor com perspectivas tão otimistas, vejo que não só terei ótimas oportunidades de emprego como poderei ajudar no desenvolvimento dessas tecnologias, trazendo o retorno financeiro que todos desejam e a sustentabilidade que o mundo precisa.